
Com os reajustes extras para compensar o custo do uso de usinas térmicas, a energia elétrica já acumula alta de 60,42% em 12 meses até março. É um forte avanço na comparação com a taxa registrada no fim de 2014, quando o item encerrou o ano em 17,06%, já influenciado pela crise energética vivida pelo país.
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Isso significa que, há 12 meses, se a gente pagava R$ 100, hoje paga R$
160 pela conta de luz — explica Eulina Nunes, coordenadora de índice de
preços do IBGE.
Em
março, com aumento médio de 22,08%, a conta de luz mais cara foi
responsável por mais da metade do IPCA do mês. O item energia elétrica
representou 53,79% do IPCA, com impacto de 0,71 ponto percentual.
No Rio, esse
peso da alta da conta de luz foi maior, chegando a 61,3%. Segundo os
dados divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE, o servi
ço registrou alta de 23,34% no mês passado, contribuindo com 0,87 ponto da inflação carioca de 1,35%, acima da média nacional.
O
resultado foi principalmente influenciado pelo reajuste de 34,91% da
Ampla, recentemente revisado para baixo pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel). A alta foi autorizada em 15 de março, mas já apareceu
no resultado do mês.
Esse
resultado fez com que o grupo habitação, no qual se enquadram as
tarifas de energia, subisse 5,98% em março (contra 1,02%), e respondendo
por nada menos que 74% do resultado do Rio de Janeiro.
Em abril, no
entanto, esse avanço deve perder um pouco de fôlego, avalia a
especialista do IBGE. A pesquisa deste mês, que será divulgada no início
de maio, deve ser impactada principalmente pelos reajustes da conta de
luz em Belo Horizonte, de 6,56%, e em Belo Horizonte, de 3,22%, ambos a
partir desta quarta-feira.
Os
reajustes são menores que, por exemplo, a alta de 34,91% na tarifa da
Ampla, autorizada em 15 de março, que já influenciou o IPCA do mês
passado. Na terça-feira, porém, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), reduziu o reajuste da Ampla para 30,25%.
Após
fechar o ano passado com avanço de 17,06%, a inflação da energia no
acumulado em 12 meses saltou para 27,09% em janeiro, 30,27% em fevereiro
e a 60,42% no mês passado. A intensidade da elevação mostra que os
reajustes estão concentrados no início do ano.
O IBGE informou nesta quarta-feira que a inflação brasileira acelerou para 1,32% em março.
O resultado é o maior para o mês desde 1995 — menos de um ano após a
implantação do real, em julho de 1994 e quando atingiu 1,55%.
Considerando todos os meses, é o maior índice desde fevereiro de 2003,
quando chegou a 1,57%. No trimestre, a taxa está em 3,83%, a maior para o
período desde 2003, quando foi de 5,13%.
No
acumulado em 12 meses, o IPCA, índice oficial, já avança 8,13%, bem
acima do teto da meta do governo, de 6,5%, e é o maior desde dezembro de
2003 (9,3%). No acumulado em 12 meses até fevereiro, o IPCA registrava
alta de 7,7%. Em fevereiro, havia ficado em 1,22%.
ALIMENTAÇÃO E BEBIDAS
Seguindo
a tendência nacional, o grupo de alimentação e bebidas respondeu pelo
segundo maior impacto do mês no Rio de Janeiro, com alta de 0,95% e peso
de 17%.
O
vilão entre os produtos alimentícios foi o alho que, segundo o IBGE, é
fortemente impactado pelo dólar alto, já que é importado. Também pesou
no bolso do consumidor a alta da cebola (12,14%) e, em mês pré-Páscoa,
os pescados, que subiram 6,75%.
Para aliviar o
consumidor carioca, a carne que foi uma das pressões do ano passado,
registrou queda de 1,61% em março. Mas o impacto sobre o resultado foi
quase irrelevante, só de 0,03 ponto percentual. Entre as principais
quedas, o que mais pesou no balanço da região foi a redução da passagem
aérea, que chegou a 12,38%, ainda assim com tímido peso negativo de 0,09
ponto percentual.
REMÉDIOS VÃO PRESSIONAR EM ABRIL
Enquanto
a energia pode dar uma trégua, o índice de abril deve ser pressionado
por outras altas. No Rio, pesará sobre o resultado o reajuste de 5,71%
do metrô, em vigor desde o último dia 2. E, em todo o país, os aumentos
nos preços de medicamentos, de 1,02% a 5,68%, válidos desde o dia 1º.
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Remédio é que tem mais impacto, porque pega o Brasil inteiro. O impacto
dos (preços) monitorados no mês de abril tende a ser menos expressivo
do que o que ocorreu em março — adianta Eulina.
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