
O aumento no preço-teto oferecido pelo governo deve atrair oferta no leilão A-5, que ocorrerá amanhã, e venderá energia de projetos novos de geração, com início de entrega em 2020. A expectativa é que haja contratação elevada de térmicas, especialmente a biomas-sa e a carvão, além de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
A grande dúvida diz respeito à
viabilidade das usinas movidas a gás natural, que há anos encontram
dificuldade para obter contratos de longo prazo de suprimento do insumo
com a Petro-bras. Desta vez, no entanto, o gás natural liquefeito (GNL)
importado pode aparecer como alternativa. AES Tietê e Copei já afirmaram
que negociavam contratos de “swap” de gás junto à estatal: importariam o
GNL e entregariam aos terminais de regaisificação da estatal e, em
troca, receberiam o insumo via gasodutos.
Para Ricardo Pinto, sócio da consultoria
Gas Energy, o preço-teto estabelecido para as termelétricas, de R$ 281
por megawatt-hora (MWh), apesar de ser muito maior que os R$ 209 por MWh
do último A-5, de novembro, pode não acomodar os custos com o pacote de
serviços da Petrobras. “Com o aumento recente do dólar e os riscos de
contratar GNL lá fora, esse valor é bastante apertado”, pondera.
Já Thais Prandini, da Thymos Energia, acredita que a expansão da
térmica a gás da Araucária, da Copei, possa ser viabilizada no certame. A
estatal paranaense pretende expandir a capacidade da usina em 200
megawatts (MW) por meio de contratos de swap com a Petrobras. “Já temos o
fornecedor de GNL, com uma proposta que atende bem às condições do
leilão”, disse neste mês ao Valor Jonel Iurk, diretor de novos negócios
da companhia.
De acordo com a Empresa de Planejamento
Energético (EPE), sete empreendimentos de gás natural, somando 4,4 mil
MW, foram habilitados para o leilão – o que significa que comprovaram
ter contratos de suprimento de gás.
Especialistas não descartam que o Grupo
Bolognesi volte a participar. O conglomerado gaúcho surpreendeu no
leilão A-5 de novembro, com a venda de 2,4 mil MW de duas usinas a gás,
uma em Pernambuco e outra no Rio Grande do Sul, que serão abastecidas
por GNL importado. O insumo deve ser regaseificado em terminais a serem
erguidos pelo próprio grupo.
O gás respondeu pela maior parte da
energia habilitada para o leilão de amanhã, que somou, ao todo, 6,7 mil
MW, espalhados por 50 empreendimentos, ainda segundo dados da EPE. A
segunda maior contribuição veio das térmicas a carvão, com dois projetos
cadastrados, com 1,2 mil MW de potência. “O preço é bastante atrativo
para essa fonte”, diz Thais, da Thymos.
A Tractebel já sinalizou que pretende
vender a segunda fase da usina a carvão de Pampa do Sul, no Rio Grande
do Sul. A térmica, com 340 MW de potência, foi vendida no A-5 de
novembro e, segundo o diretor financeiro Eduardo Satta-mini, há espaço
para duplicação dessa capacidade, com sinergias de custos caso as duas
fases sejam construídas simultaneamente.
A expectativa também é bastante positiva
para as PCHs. O preço-teto de R$ 210 por MWh estabelecido para a fonte
ficou 28% acima daquele vigente no último leilão com entrega em cinco
anos. “Estamos bastante animados, é a primeira vez em muito tempo em que
há um preço justo”, disse Ivo Pugnaloni, presidente da Associação
Brasileira de PCHs (AbraPCH) e da consultoria Enercons. O executivo
espera que todos os 425 MW de oferta habilitados para o leilão, em 25
empreendimentos, sejam vendidos, com deságio baixo.
As hidrelétricas de maior porte, que
normalmente são vendidas no A-5, com horizonte mais longo, dessa vez tem
pouca representatividade. No leilão de manhã, será licitada apenas a
hidrelétrica de Itaocara, no Rio de Janeiro, com potência de 150 MW. O
empreendimento já foi a leilão no ano passado, sem interessados. As
usinas de Apertados, Ercilância e Telêmaco Borba, no Paraná, com 340 MW
de potência somada, não obtiveram licença ambiental e ficaram de fora do
certame. (Colaborou Rodrigo Polito, do Rio)
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