
Apesar da expectativa inicial ter sido maior, as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) foram as protagonistas do leilão de energia A-5 (prazo de cinco anos para concluir os projetos) realizado pelo governo federal na quinta-feira. Dos 14 empreendimentos que comercializaram a sua produção e por consequência sairão do papel, oito eram usinas dessa natureza, sendo que uma delas será implementada no Estado, no Rio das Antas.
O complexo gaúcho será
construído pela empresa Serra dos Cavalinhos I Energética, entre os
municípios de Monte Alegre dos Campos e São Francisco de Paula. A
estrutura terá capacidade instalada de 25 MW e absorverá um investimento
na ordem de R$ 219,6 milhões. Analisando o total no País, o leilão
viabilizará a implantação de 1.973,3 MW (cerca da metade da demanda
média de energia do Rio Grande do Sul), que implicarão um aporte de
aproximadamente R$ 6 bilhões. Além das PCHs, venderam energia projetos
hidrelétricos de maior porte, térmicas de biomassa e a gás natural. O
preço médio da energia licitada foi de R$ 259,19 o MWh, abaixo dos R$
281,00 do custo marginal de referência, e 50 empreendimentos estavam
habilitados a concorrer.
O presidente executivo
da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), Charles
Lenzi, admite que esperava que mais PCHs fossem exitosas no leilão, já
que foram 25 as habilitadas. Porém, considera um sinal positivo o volume
de 164,33 MW de potência instalada que será encaminhado pelas usinas
vencedoras. Lenzi lembra que o número é maior do que os 90 MW
comercializados pela fonte eólica no leilão A-3 (três anos para os
complexos serem finalizados) realizado na segunda-feira passada.
Para o dirigente da
Abragel, apesar de o governo ter elevado o valor pago pelo MWh gerado
pelas PCHs para esse leilão (preço-teto de R$ 210,00), o resultado do
certame demonstrou que é preciso valorizar mais essa produção. Lenzi
acrescenta que situações como a diminuição do percentual de
financiamento concedido pelo Bndes para o setor e aumento da taxa Selic
impactaram os investidores do segmento. O dirigente espera que o governo
marque um novo leilão A-5 para este ano e deseja que o preço-teto para o
certame seja estipulado com maior antecedência. O presidente da
Associação Brasileira de Fomento às Pequenas Centrais Hidroelétricas
(Abrapch), Ivo Augusto de Abreu Pugnaloni, confirma que se esperava um
resultado superior por parte das PCHs. O dirigente também cita como um
dos empecilhos as condições de financiamento por parte do Bndes. “Uma
coisa é o que está no site do banco, outra são as restrições encontradas
ao falar com os funcionários”, ressalta.
Além da PCH Serra dos
Cavalinhos, o Rio Grande do Sul teve outra PCH e duas térmicas (uma a
carvão e outra a biomassa) habilitadas a participar do leilão, mas essas
iniciativas não conseguiram comercializar a geração de energia. O
projeto gaúcho a carvão foi o único a ser habilitado utilizando como
combustível o mineral de origem nacional. O presidente da Associação
Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), Fernando Zancan, argumenta que,
devido a uma série de fatores, como empreendimentos em estágios
iniciais, questões societárias e processos de licenciamento ambiental,
não houve mais projetos a carvão participando do certame.
No caso da Eneva, que
inscreveu um projeto de 600 MW, a ser construído no município de
Candiota, o dirigente acredita que o fato de a empresa estar envolvida
em um processo de recuperação judicial pode ter atrapalhado as condições
de disputa para esse evento.
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