
O ano de 2015 ficou livre, por enquanto, do racionamento de energia elétrica e o risco pra 2016 ficou menor, mas não saiu do radar. A conclusão é da LCA Consultores, que se debruçou sobre o passado e sobre previsões futuras para o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), consumo de energia, média de chuvas e nível dos reservatórios. “Teremos um alívio em relação ao cenário de 2014 e 2015, mas ainda não será uma situação confortável”, resume Braulio Borges, economista-chefe da consultoria.
A melhora no cenário virá, em parte, da
atividade fraca e do aumento de preços do insumo em 2015. “A combinação
de recessão e de aumento de tarifa já está gerando um efeito de meio
racionamento”, avalia Borges, fazendo referência às projeções do começo
do ano que apontavam o risco de racionamento de energia elétrica entre
5% e 10%.
A LCA estima uma queda de 1,2% no PIB de
2015 e uma pequena alta de 1% em 2016. 6 preço médio de energia
(considerando tarifa residencial industrial, comercial e outras) foi
calculado em 46,7% para este ano e zero em 2016. Ainda fazem parte das
premissas da consultoria uma temperatura na média dos últimos cinco anos
(o que significa dias um pouco menos quentes que em 2014e 2015) e uma
queda no consumo (carga) de energia elétrica de 1 % em 2015 e de 2,2% em
2016.
Borges pondera que a queda mais forte em
2016 (apesar de uma pequena alta do PIB) decorre da avaliação de que o
preço real afeta o consumo de energia com alguma defasagem (em dois
trimestres, na conta da consultoria). Na média, no período pelo qual o
racionamento deveria durar (maio/junho de 2015 até março de 2016), a
queda estimada na carga de energia será de 2,3%, nas contas da LCA. Por
isso, Borges estima que a combinação recessão e preço vai gerar um
efeito equivalente a meio racionamento.
Considerando todas essas premissas, a
LCA calculou o nível de reservatórios no início de 2016 para quatro
cenários diferentes de chuvas. Borges explica que foi mantida a mesma
carga para todas as simulações e também não foi considerada a ampliação
da oferta (uma possibilidade tanto pela entrada em vigor de novas usinas
ou turbinas em usinas existentes ou por fontes alternativas), o que
torna os resultados bastante “conservadores”.
Com chuvas em 85% a 90% da média
histórica, o nível dos reservatórios em 2016 estará semelhante ao do ano
passado. Não será confortável, mas não haverá piora, observa Borges.
Com chuvas acima de 95% da média, o quadro de energia armazenada será
melhor. “E as agências de previsão do tempo têm indicado que o regime de
chuvas será melhor no próximo período chuvoso”, diz ele, lembrando que o
período úmido vai de novembro a abriL
Apesar do risco um pouco menor esperado
para ,2016, Borges pondera que o risco de racionamento só vai sumir em
2017 em diante e que até lá ele continuará constrangendo o PIB futuro e o
investimento produtivo. “Essa possibilidade afeta confiança e o medo de
falta de energia inibe novos projetos”, pondera.
O economista da LCA pondera que a queda
no consumo pode ser bem maior que a estimada pela consultoria. Os
estudos indicam que o consumidor é pouco sensível a preço, mas o país
nunca teve um aumento tão expressivo no preço. “A energia nunca foi tão
cara no país e não sabemos exatamente como os consumidores vão reagir a
esse choque” diz ele. “Talvez os consumidores – residenciais e
empresariais – cortem mais o consumo”, diz.
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