
Os valores que o governo federal está
estabelecendo para os leilões de energia, como o A-5, foram considerados
“suficientes” para cobrir os aumentos nos custos operacionais e de
financiamento pelas empresas, conforme afirmou Ferreira Jr., durante
teleconferência com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre
deste ano.
Segundo o executivo, o governo tem se
esforçado para atrair o capital privado colocando preços melhores.
“Fazia quatro anos que não víamos PCHs (pequenas centrais hidrelétricas)
participando de leilões. Isso acontece, pois o retorno está sendo
compatível com o esperado pelas empresas”, disse Ferreira Jr.
A CPFL Energia espera que o consumo de
energia em sua área de concessão neste ano fique próxima do verificado
em 2014. “Estamos vendo que em 2015 o consumo será muito semelhante ao
do ano passado em relação à carga”, declarou o executivo. No Sistema
Interligado Nacional (SIN), a previsão é de que a carga atinja 65,7
gigawatts (GW) médios para este ano, volume 1,5 ponto percentual
inferior ao esperado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS),
de 67,2 GW médios.
Risco hidrológico
De acordo com Ferreira, o grupo de
energia espera ainda para este mês uma solução negociada com o governo
federal para mitigar o impacto financeiro produzido pelo risco
hidrológico das geradoras de hidroeletricidade do país. “Eu tenho
expectativa de que em maio tenhamos solução para esse tema que possa ser
aplicada às empresas”, ressaltou”.
As discussões com o governo federal
envolvem a aplicação do chamado fator “GSF” (déficit de geração
hídrica). O déficit ocorre pelo fato de as hidrelétricas serem obrigadas
por órgãos reguladores a gerar menos eletricidade para poupar água dos
reservatórios, o que as leva a ter de comprar energia no mercado de
curto prazo a preços mais caros para honrar contratos de fornecimento,
gerando despesas adicionais de bilhões de reais.
O executivo comentou ainda que “é óbvio”
que a CPFL tem interesse em oportunidades de aquisições de
distribuidoras de energia no país que podem acontecer neste ano por
conta de possível venda de empresas da Eletrobras, por ser um negócio
que precisa de escala. A empresa divulgou na noite de sexta-feira que
encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 142 milhões, queda
de 18,4% sobre o resultado obtido no mesmo período do ano passado.
Reservatórios
Segundo Ferreira Jr., o nível dos
reservatórios das hidrelétricas no SIN está em cerca de 35%, perto do
patamar em que estava na mesma época em 2001, um mês antes da decretação
de racionamento de energia no país. Porém, para o executivo, é “muito
improvável a necessidade de qualquer restrição de consumo de energia
(neste ano), seja por causa do aumento das tarifas, seja pelo consumo
mais baixo”.
Segundo as contas da CPFL, se de junho a
novembro as chuvas que chegarem aos reservatórios das hidrelétricas do
país forem equivalentes a 87% da média histórica para o período, o
sistema terá em novembro um armazenamento de 15%, acima do nível crítico
de 10% definido pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Ferreira Jr. afirmou ainda que entre
2004 e 2014 a média de afluências nas hidrelétricas durante o chamado
período seco, que vai do final de abril a novembro, foi de 104%, e que a
probabilidade de chuvas abaixo da média histórica para o período é de
28%.
Sudeste
A companhia prevê que os reservatórios
das hidrelétricas no subsistema Sudeste/Centro-Oeste encerrem novembro
com 15% de volume de energia armazenada (EAR). “Para que essa projeção
seja atingida será preciso que a Energia Natural Afluente (ENA) média
atinja 87% entre junho e novembro”, afirmou Ferreira Jr.
A probabilidade de que esse número não
seja alcançado é de 28%, considerada baixa pelo executivo. O mínimo
estipulado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para o nível
de energia armazenada nos reservatórios em novembro é de 10%.
CPFL e Eletrobras
A CPFL Energia voltou a sinalizar
interesse em aquisições para expandir a rede de concessão e ganhar
escala na distribuição de energia no País. Questionado por analista se a
companhia teria interesse em ativos da Eletrobras, como a Celg-D, o
presidente da empresa disse que a CPFL sempre está atenta a
oportunidades e que analisará cada uma delas.
“Algumas distribuidoras são pequenas e
sempre haverá necessidade de serem consolidadas pelas maiores. O negócio
de distribuição é de escala. Acredito que poderemos ter chances no
momento de renovação das concessões para fazer um projeto estruturado
por elas”, afirmou Ferreira Jr.
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